quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sem assunto

-Oi.
-Oi.
-Se você tiver um tempinho, pode conversar comigo?
-Posso.
-Que bom.
-Conversar sobre o que?
-Ah, sei lá, sobre qualquer coisa.
-Certo. Eu... o meu gato deu crias.
-Que legal.
-Mais ou menos, vai dar um trabalhão. Tenho que limpar a sugeira que eles fazem, ouvir os miados e depois ainda arrumar 6 pessoas para ficar com os filhotes.
-Verdade, é meio chato mesmo.
-Mas tudo bem.
-A vida não anda muito boa ultimamente.
-Ela costumava ser melhor?
-Não sei, na verdade não, acho.
-Mas agora ela está pior.
-Não diria isso. Mas é que não anda muito boa.
-Sei... A minha também não. A vida é difícil.
-É.
-É o que dizem.
-Acho esse pensamento pouco complexo.
-Eu também acho.
-Obrigada. Tchau.
-De nada.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

The long and winding road

Eu tenho uma qualidade. Um costume, na verdade. Eu sei que as coisas vão acontecer, antes que elas aconteçam. Olhando para trás na minha vida, eu posso dizer muitos "Eu já sabia". Eu não falo dessa coisa de previsões, sexto sentido, não quero dizer nada disso. Falo de um saber racional, é como se minha cabeça funcionasse rapidamente, como se ela analisasse todos os aspectos de cada situação que possa vir a acontecer, e então ela me diz "bem, acho que ficaremos assim, mais para frente".
Eu me orgulho disso. Tenho muito orgulho, e com o risco de parecer pretensiosa, eu me sinto um pouco superior aos outros seres humanos por ter esse "dom". Posso dizer que vivo uma vida sem surpresas. Não consigo olhar o meu futuro e ver uma nuvem de possibilidades, caminhos a tomar, decisões confusas, roads to follow. Eu eu sei exatamente para onde ir, e não sou descolada o sufiente para desobecer. Sou jovem, e acho que vivo como uma velha, com sabedoria demais e experiência de menos.
Mas acho que eu queria aprender na marra, queria cometer erros e me arrepender e acertar na mosca e me sentir completa e sentir orgulho e satisfação. E queria a emoção de não saber o que me espera pela frente, e também a ingenuidade de fazer as coisas por fazer. Mas mais do que tudo isso, mais do que tudo que eu já quis na minha vida, queria muito, mas muito, me surpreender. Queria que ao menos uma vez, eu pudesse falar "oh, look at that, I didn't see that one coming". Mas eu sei, suspiro, que isso não vai acontecer.